Salvador Domingo Felipe Jacinto Dalí i Domènech nasceu em 11 de maio de 1904, na cidade espanhola de Figueres (Catalunha).
Desde a infância, Dalí demonstrou interesse pelas artes plásticas. No ano de 1921, entrou para a Escola de Belas Artes de São Fernando, localizada na cidade de Madri. Porém, em 1926, foi expulso desta instituição, pois afirmava que ninguém era suficientemente competente para o avaliar.
Nesta fase da vida, conviveu com vários cineastas, artistas e escritores famosos, tais como: Luis Bruñel, Rafael Alberti e Frederico Garcia Lorca.
Em 1929, viajou para Paris e conheceu Pablo Picasso, artista que muito influenciou a produção artística de Dalí. No ano seguinte, começou a fazer parte do movimento artístico conhecido como surrealismo.
A década de 1930 foi um período de grande produção artística de Dalí. Nesta fase, o artista representava imagens do cotidiano de uma forma inesperada e surpreendente. As cores vivas, a luminosidade e o brilho também marcaram o estilo artístico de Dalí. Os trabalhos psicológicos de Freud influenciaram muito o artista neste período É desta fase uma de suas obras mais conhecidas “A persistência da Memória”, que mostra um relógio derretendo.
Em 1934, Dalí casou-se com uma imigrante russa chamada Elena Ivanovna Diakonova, conhecida como Gala.
Em 1939, foi expulso do movimento surrealista por motivos políticos. Grande parte dos artistas surrealistas eram marxistas e justificaram a expulsão de Dalí, alegando que o artista era muito comercial.
Em 1942, Dali e sua esposa foram morar nos Estados Unidos, país em que permaneceu até 1948. Voltou para a Catalunha em 1949, onde viveu até o final de sua vida.
Em 1960, Dalí colocou em prática um grande projeto: o Teatro-Museo Gala Salvador Dalí, em sua terra natal, que reuniu grande parte de suas obras.
Em 1982, com a morte de sua esposa Gala, Dalí entrou numa fase de grande tristeza e depressão. Parou de produzir e se recusava a fazer as refeições diárias. Ficou desidratado e teve que ser alimentado por sonda. Em 1984, tentou o suicídio ao colocar fogo em seu quarto. Passou a receber o cuidado e atenção de seus amigos.
Dalí morreu na cidade de Figueres, em 23 de janeiro de 1989, de pneumonia e parada cardíaca.
https://www.suapesquisa.com/biografias/salvador_dali.htm
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Samson Flexor (Soroca1, Bessarábia, Rússia 1907 - São Paulo SP 1971). Pintor, desenhista, muralista, professor. Viaja para a Bélgica em 1922, onde estuda química e cursa pintura na Académie Royale des Beaux-Arts [Academia Real de Belas Artes]. Muda-se para Paris em 1924 e faz o curso livre da Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes], orientado por Lucien Simon (1861-1945). Paralelamente, cursa história da arte na Sorbonne. Em 1926, freqüenta as academias La Grande Chaumière e Ranson, onde recebe aulas de Roger Bissière (1886-1964). No ano seguinte, realiza a primeira exposição individual, na Galeria Campagne Première, em Paris. Em 1929, participa da fundação do Salon des Surindépendants, atuando como diretor até 1938. Quando se converte ao catolicismo em 1933, passa a executar pinturas murais de cunho religioso. Membro da Resistência Francesa, durante a II Guerra Mundial (1939-1945), é forçado a fugir de Paris. Nesse período, suas pinturas tornam-se sombrias e inicia estudos expressionista e cubistas sobre a Paixão de Cristo. Em 1946, realiza viagem ao Brasil e expõe na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, e em 1948, fixa-se na cidade. Motivado pelo crítico Léon Dégand (1907-1958), então diretor do Museu de Arte Moderna (MAM/SP), aproxima-se do abstracionismo geométrico e cria, em 1951, o Atelier-Abstração, tendo como alunos Jacques Douches (1921), Norberto Nicola (1930-2007), Leopoldo Raimo (1912), Alberto Teixeira (1925) e Wega Nery (1912-2007), entre outros. Em meados da década de 1960 aproxima-se da abstração lírica e da figuração.
Comentário Crítico
Ao fixar-se no Brasil, em 1948, Flexor já é um artista maduro e de rica experiência artística. Sua formação inclui a passagem de dois anos pela Académie Royale des Beaux-Arts em Bruxelas (1922-1924), estudos na Ecole Nationale Supérieure des Beaux-Arts [Escola Nacional Superior de Belas Artes] e no curso de história da arte na Sorbonne, ambas em Paris (a partir de 1924). Com uma produção próxima à Escola de Paris, o artista conquista reconhecimento da crítica em sua primeira exposição individual (1927). Em 1929 participa da criação do Salon des Surindépendants, do qual é diretor até 1938. Faz parte da resistência à ocupação nazista e é obrigado a deixar a capital francesa em 1940. Passa por enormes dificuldades durante a guerra, voltando a Paris somente em 1945. Os problemas do pós-guerra, aliados ao sucesso da viagem a São Paulo acompanhando uma exposição do Grupo dos Pintores Independentes e sua mostra individual na Galeria Prestes Maia (1946), fazem com que decida imigrar com a família para o Brasil, em 1948.
Considerado um dos introdutores do abstracionismo no Brasil, Flexor é um artista de produção variada e independente. Da figuração cubista à abstração geométrica, e desta à abstração lírica, volta no final da vida a uma espécie de figuração orgânica e antropomórfica, sem deixar de lado a pintura de temática religiosa e os retratos. É preciso notar que da mesma forma que exerce papel importante na aceitação das correntes abstratas pelos brasileiros, o contato com o ambiente do país do fim dos anos 1940 é fundamental para o desenvolvimento pleno de tendências abstratas esboçadas em sua pintura desde o fim da II Guerra Mundial (1939-1945). Encontra um meio artístico no qual fervilha a querela entre os partidários da abstração e os defensores da pintura figurativa de cunho nacionalista. Participa da histórica exposição inaugural do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), Do Figurativismo ao Abstracionismo, em 1949, a convite do crítico belga e diretor do recém-fundado museu Leon Dégand (1907-1958) e é incentivado por ele a aventurar-se pelos caminhos da abstração geométrica pura.
Por sua vez, o sentimento de crise do humanismo típico do período do pós-guerra (Flexor declara em 1948: "As guerras obrigam o homem a descobrir de novo o universo que julgava conhecer"), em conjunto com a experiência contagiante do surto desenvolvimentista pelo qual passa São Paulo na época, onde, como declara o artista a Sérgio Milliet (1898-1966), "tudo tende para o futuro e clama seu desprezo pelo passado colonial", são elementos decisivos para os futuros caminhos tomados por Flexor no Brasil.
Dessa forma, sua pintura semi-abstrata de origem neocubista do fim dos anos 1940, na qual, como observou Mário Pedrosa (1900-1981), "a sobreposição de planos ainda tem função figurativa" - observam-se, por exemplo, Xícaras (1945), Violão (1948) e Cristo na Cruz (1949) -, transforma-se pouco a pouco em composições geométricas puramente abstratas em que os planos se tornam autônomos, integrando-se por "partido ortogônico ou diagonal". As telas abstratas de Flexor buscam um dinamismo pela combinação de planos e linhas verticais, diagonais e horizontais e de pontos rítmicos pela colocação de tonalidades quentes ao lado de tons rebaixados, na intenção de atingir uma harmonia dentro da assimetria. Esta abstração, mais musical do que matemática, é construída mediante o estudo e aplicação de métodos renascentistas de proporção e harmonia, como observa Alice Brill (1920). Esses estudos rigorosos serão ensinados por Flexor a partir de 1951 no Atelier-Abstração (primeira fase 1951-1959), do qual participam Alberto Teixeira (1925), Emílio Mallet, Izar do Amaral Berlinck, Jacques Douchez (1921), Leyla Perrone, Leopoldo Raimo (1912), Renée Malleville e Wega Nery (1912).
No final dos anos 1950, uma série de fatores, entre eles a viagem para os Estados Unidos (1957) e o fechamento do Atelier, influi para a mudança de Flexor em direção a uma abstração lírica de formas orgânicas. "Ao mesmo tempo em que mergulha em uma busca interior, Flexor pesquisa a matéria, o ritmo das formas e da luz", como assinala Denise Mattar. Em 1967 o artista surpreende ao realizar grandes pinturas "figurativo-abstratas" para a 9ª Bienal Internacional de São Paulo intituladas Bípedes. Sobre a convivência da abstração e figuração na obra de Flexor, Tadeu Chiarelli mostra que mesmo em algumas obras ditas "abstratas puras" há a presença de esquemas ilusionistas num inquestionável compromisso com a pintura tradicional. Nesse sentido, sua obra apresenta-se como "objeto privilegiado de estudo sobre os aspectos problemáticos envolvidos na absorção das poéticas não-figurativas no campo da arte brasileira".
Referência: Itaú Cultural
Sandra Regina Cinto (Santo André, São Paulo, 1968). Desenhista, pintora, escultora, gravadora e professora. Faz do desenho o fio condutor de sua obra, mas transita entre diferentes modalidades de produção artística, como a instalação e a escultura. Em muitos de seus trabalhos, os espectadores adentram espaços que estimulam a reflexão sobre o ambiente ao redor e como ele é ocupado.
Forma-se em educação artística nas Faculdades Integradas Teresa d'Ávila (Fatea), em Santo André, São Paulo, em 1990. No ano seguinte, expõe no Laboratório de Estudos e Criação da Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_). Em 1992, realiza suas duas primeiras exposições individuais, no Centro Cultural São Paulo (CCSP), em São Paulo, e na Galeria Espaço Alternativo, no Rio de Janeiro.
Para os críticos Raphaela Platow e Adriano Pedrosa (1965), o desenho é a linguagem essencial de Sandra Cinto, que trabalha também com a pintura, a escultura e a instalação. Usado como rascunho em seus primeiros trabalhos, como Retábulo (1995), no qual pinta nuvens em superfícies de madeira, o desenho torna-se, em obras posteriores, forma final. Como ilustradora, faz seu primeiro trabalho em 1996, para a Folha de S.Paulo.
No ano de 1997, recebe o Prêmio Aquisição no Salão de Arte Contemporânea Victor Meirelles e participa da Feira Internacional de Arte Contemporânea, em Madri. A partir de 1998, leciona desenho de expressão na Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Alvares Penteado (Faap) e coordena, com o artista Albano Afonso (1964), o grupo de estudos do Ateliê Fidalga, em São Paulo.
Como artista residente, fica por seis meses na Cité des Arts, em Paris, no ano 2000. Cinco anos depois, recebe o prêmio residência da Civitella Foundation, em Umbertide, Itália. Desde 1990, faz diversas exposições coletivas e individuais, como Mam na Oca (2006), Construção (2006) e A Imitação da Água (2010).
As dimensões das paisagens se alteram entre as obras de Sandra. Nuvens pintadas em suportes de pequeno e médio porte são substituídas por grandes céus noturnos e mares agitados, feitos com caneta esferográfica nas paredes de museus e galerias, como ocorre na obra Encontro das Águas (2013). Os desenhos são minuciosos e exigem o uso de diferentes canetas, além de um tempo longo de produção.
Há também nas obras uma função arquitetônica: os desenhos convidam o público a imergir na paisagem, remetendo ao sublime e a imagens da natureza que geram sensações de vertigem e medo. Os murais se contrapõem ao ambiente, gerando paisagens oníricas em meio ao espaço urbano. A crítica Angélica de Moraes (1949), para quem a obra de Sandra lembra criações do pintor Guignard (1896-1962), vê nos trabalhos dela a evocação de um “universo do sonho e da utopia”.
Com os desenhos, Sandra expõe fotografias, cavalos de madeira, camas e outros itens. Esses objetos constituem um ambiente imaginativo, além de funcionarem como suportes para os desenhos, que cumprem o papel de “tecido conectivo entre os elementos”. O traço da artista, delicado e simples, revela influência do desenho japonês. Em 2011, ela confirma essa influência nipônica em um projeto para o Sesc Santo André, denominado Céu e mar para presente (Japonismo). Nele, aplica azulejos serigrafados às paredes que ficam ao redor de uma piscina. Para além das questões visuais, a filosofia se faz presente, por meio do zen, do vazio e da necessidade de valorizar o tempo.
Livros são outros elementos constantes nas obras de Sandra Cinto, mas, na maioria das vezes, aparecem fechados e como parte das instalações. Um exemplo disso é a obra En Silencio II (2014), na qual um escritório evoca o vazio do espaço criativo enfrentado pelo trabalhador. Empilhados sobre uma mesa, os livros se tornam suportes para um violoncelo, cercados por partituras inacabadas. No mesmo ano, a artista cria Partitura, instalação que exibe pela primeira vez livros abertos.
Como ocorre na obra En Silencio II, a ausência da figura humana é marcante na produção da artista. Segundo ela, o fator humano é contemplado pela presença dos espectadores e sua ocupação do espaço expositivo, em convergência com a obra.
Em 2017, Sandra cria a instalação imersiva Biblioteca do Amor [Library of Love], no Contemporary Arts Center (CAC), em Cincinnati, Estados Unidos. O projeto coletivo leva ao público cerca de 200 livros-objetos, frutos da reflexão de artistas, consagrados e iniciantes, que pensam o amor em suas diferentes manifestações, considerando também sua ausência. O projeto se realiza em uma sala de leitura, na qual biblioteca e instalação artística convergem na chamada Sala de Contemplação.
O espaço na área de convivência do CAC é criado com o objetivo de ampliar a reflexão. Configura-se como uma ação coletiva de observar as relações humanas propostas pelos livros dos artistas, em um ambiente de trânsito constante.
Ao criar contraposições entre as obras e o ambiente que as cerca, Sandra gera atmosferas de sonho e utopia. Os desenhos e instalações levam o público a espaços de meditação e reflexão sobre a ordem do tempo e das relações ao seu redor.
SANDRA Cinto. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10461/sandra-cinto>. Acesso em: 12 de Mai. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
Registro fotográfico André Seiti/Itaú Cultural
Sérgio Camargo (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1930 - idem, 1990). Escultor. Considerado um dos mais originais artistas brasileiros ligados à vertente construtiva, destaca-se por explorar os limites da forma ao realizar cortes audaciosos nos materiais, em um procedimento por ele denominado “geometria empírica”.
Embora tenha contato com trabalhos da vertente construtiva desde o início da carreira, Sérgio Camargo desenvolve uma obra independente e pessoal, sem filiar-se a qualquer grupo ou movimento. Durante dois anos (1946-1948), estuda na Academia Altamira, em Buenos Aires, onde é orientado pelos artistas argentinos Emilio Pettoruti (1892-1971) e Lucio Fontana (1899-1968). Lá, interessa-se pelo construtivismo da Argentina. Parte para Paris em 1948, onde estuda a obra do escultor romeno Constantin Brancusi (1876-1957) e faz um curso de filosofia na Sorbonne. Nesse período, familiariza-se com as esculturas de Georges Vantongerloo (1886-1965) e Henri Laurens (1885-1954).
De volta ao Brasil, produz em 1954 suas primeiras esculturas figurativas de bronze, nas quais já se evidenciam a preocupação com o volume das obras e a potência dos cortes que ordenam as massas, qualidades fundamentais de seus trabalhos posteriores. Novamente em Paris (1961), frequenta o curso de sociologia da arte ministrado por Pierre Francastel (1905-1970), na École Pratique des Hautes Études, e faz experimentações com gesso, areia e tecido, criando estruturas informes e irregulares.
A partir de 1963, produz a série Relevos, da qual se ocupa proficuamente por cerca de dez anos. A operação será quase sempre a mesma: dispor cilindros brancos de madeira de diversos tamanhos, cortados em ângulos variados, sobre uma superfície plana também branca e de madeira. O desafio está em criar composições nas quais a forma geométrica original ⎼ cilindros ou paralelepípedos ⎼ é sistematicamente rompida e rearticulada para estabelecer um novo arranjo, não reversível ao ponto de partida. Nesse instante, a diferença entre o método de Camargo e o procedimento do construtivismo histórico torna-se evidente. Mesmo incorporando a coerência da atitude sistemática e a exatidão geométrica, seu trabalho se abre para o imprevisto; abarca, na interpretação do crítico Ronaldo Brito (1949), a ordem e a loucura da ordem. Os relevos são acolhidos na Europa, e Camargo desenvolve uma carreira internacional bem-sucedida.
Em meados dos anos 1960, o artista começa a experimentar o mármore de carrara em algumas peças. Realiza diversas obras para espaços públicos, entre elas: o muro estrutural do Palácio do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília; o Tríptico do Banco do Brasil de Nova York; a coluna Homenagem a Brancusi, para a Faculdade de Medicina de Bourdeaux, França; uma escultura na Praça da Sé, em São Paulo; e um monumento para o Parque da Catacumba, no Rio de Janeiro.
Somente nos anos 1970 passa a utilizar quase exclusivamente o mármore em trabalhos decididamente escultóricos, numa passagem natural dos relevos conhecidos como "trombas" às peças de chão. Por um lado, tal material, com fortes raízes na tradição escultórica, acentua o caráter de permanência e estabilidade dos trabalhos. Por outro, a superfície lisa e uniforme do mármore polido reage de modo mais efetivo aos efeitos da luz, intensificando o aspecto dinâmico e transitório do conjunto.
Camargo retorna definitivamente ao Rio de Janeiro em 1974, mas mantém até o fim da vida um ateliê em Massa Carrara, Itália. Com peças alongadas em pedra negro-belga, produzidas nos anos 1980, o artista experimenta de modo radical os limites da forma ao realizar cortes cada vez mais agudos, ameaçando a integridade física da matéria. Alcança o ponto extremo de convivência possível entre a ordem e sua dissolução. Segundo os críticos, esses trabalhos acrescentariam certa conotação dramática ao singular construtivismo de Sérgio Camargo.
A possibilidade de combinar, de modo coerente e conciso, um número restrito de volumes geométricos (cilindros, cubos, retângulos), sem prestar contas a uma racionalidade didática, confere ao método de Camargo um caráter experimental permanente ao longo de sua obra. Tal experimentalismo, guardadas as devidas diferenças, coloca-o ao lado de artistas como Lygia Clark (1920-1988), Mira Schendel (1919-1988) e Hélio Oiticica (1937-1980). Mesmo orientada pelo princípio construtivo da coerência e da lucidez integrais, a obra de Camargo não abandona o páthos de aventura característico da lírica moderna, como também observa Ronaldo Brito.
Num período em que se acredita no esgotamento da inovação e no qual se defende a superação do legado moderno, Sérgio Camargo inaugura uma trajetória em que a relação conflituosa, mas sempre atenta, com uma tradição preexistente gera uma produção inovadora e singular.
SÉRGIO Camargo. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8759/sergio-camargo>. Acesso em: 20 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Sérgio Fingermann (São Paulo SP 1953). Pintor, gravador. Estuda desenho e pintura com Yolanda Mohalyi (1909-1978), em São Paulo, 1972; tem aulas com Mário de Luiggi em Veneza, Itália, entre 1973 e 1974. Freqüenta a Escola Brasil: em 1974, e estuda arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), de 1975 a 1979. É premiado como Melhor Gravador pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), em 1987.
Sérgio Fingermann atua como gravador desde o início de sua trajetória artística, quando realiza obras figurativas, nas quais dialoga com a produção de Evandro Carlos Jardim (1935). Realiza séries como Fragmentos de um Dia Extenso (1976), em que reproduz figuras relacionadas à sua visita a um parque em São Paulo, com um caráter intimista. Nessas gravuras, destacam-se os grafismos e o acentuado claro-escuro. Posteriormente, como nota o crítico Olívio Tavares de Araújo, o artista estabelece propostas para uma utilização diferente da gravura, não mais como multiplicadora de imagens, mas como o único suporte em que determinada idéia é exeqüível. Em exposição realizada em 1986, apresenta imagens obtidas por processos de justaposição de diferentes chapas, e por interferências com apliques de papel japonês colorido pelo artista, quimicamente integrados ao papel de tiragem.
Na década de 1980, Sérgio Fingermann apresenta telas que se situam entre a figuração e a abstração. Posteriormente, a figuração narrativa de caráter intimista dos primeiros trabalhos dá lugar a obras com uma linguagem mais abstrata. A partir da metade dos anos 1990, o artista apresenta pinturas com as quais pretende "evocar a memória do espectador" por meio de inscrições, desenhos e manchas que parecem brotar na superfície. A "ferrugem" presente nesses quadros (obtida pela tinta com óxido de ferro) dá a impressão de que algo foi retirado dali, ficando apenas a marca de sua passagem. Nas obras mais recentes, associa ainda inscrições, grafismos e desenhos às manchas de cor, realizadas com pinceladas gestuais. Paralelamente à sua produção artística, Fingermann é responsável pela formação de novas gerações de artistas.
SÉRGIO Fingermann. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9290/sergio-fingermann>. Acesso em: 21 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Sérgio Niculitcheff (São Paulo, SP, 1960). Pintor, desenhista, professor. Entre 1975 e 1977, estuda no Instituto de Artes e Decoração (Iadê). Frequenta, em 1978, o Ateliê de Gravura da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde é aluno de Evandro Carlos Jardim (1935). Em 1980, licencia-se em Educação Artística com especialização em Artes Plásticas, pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo. Entre 1981 e 1982, viaja para a Europa, principalmente França e Espanha, onde participa de exposições e mantém contato com Leonilson (1957-1993) e Luiz Zerbini (1959). Em Paris, é auxiliar do artista Piza (1928), na Galeria Bellechase. Sua primeira exposição individual ocorre em 1985, em Curitiba. Obtém em 2004 o título de mestre em artes visuais pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp). Desde 2007, ingressa no doutorado em Artes Visuais na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Desde então, Niculitcheff já expôs em São Paulo, Campinas, Belém do Pará, Freiburg (Alemanha), Rio de Janeiro e Brasília, entre outras cidades.
Comentário Crítico
O significado da pintura de Sérgio Niculitcheff decorre, em grande medida, do efeito enigmático resultante de tirar objetos cotidianos de seu contexto: colchão, escada, livro etc., enfim, uma variedade de coisas presentes em nosso dia a dia figuram no centro da tela, pairando sobre um fundo neutro, homogêneo. Tal descontextualização, porém, não deve ser entendida como simples alienação, pois não se trata de apartar um objeto de seu ambiente apenas para negar-lhe a rede de significações que o sustenta. Ao invés disso, o artista pretende dirigir nosso olhar para o objeto em questão, nele concentrando nossa atenção, desmentindo sua banalidade.
O espectador, ao olhar as telas de Niculitcheff, percebe imediatamente qual é o objeto representado (é um colchão, uma árvore, etc.), mas, ao mesmo tempo, uma questão se apresenta - saber qual é o significado dessa representação. E muito do vigor dessa dúvida vem justamente do isolamento em que a figura foi posta. Niculitcheff evidencia, assim, a distância existente entre olhar e ver, entre pousar os olhos e pensar com base no que se vê. É metáfora disso a distância ambígua entre as figuras e o fundo - próximos, sem dúvida, mas não se sabe o quanto. Reconhecimento e conhecimento não são idênticos, apesar de semelhantes. O artista aponta para o cerne do enigma existente mesmo nas coisas mais cotidianas, a centelha de mistério presente até mesmo naquilo destinado ao uso e ao descarte, a evocação de questões perenes vindas até mesmo de coisas passageiras, que logo se desfazem.
NICULITCHEFF . In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9882/niculitcheff>. Acesso em: 19 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
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Sérgio Sister (São Paulo, São Paulo, 1948). Pintor, desenhista. Cursa pintura na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo, entre 1964 e 1967, e desenho, com Ernestina Karman (1915-2004), de 1965 a 1967. Entre 1968 e 1975, realiza graduação em ciências sociais e pós-graduação em ciência política na Universidade de São Paulo (USP). Nesse período, é preso por motivos políticos. Permanece 19 meses, entre 1970 e 1971, no Presídio Tiradentes, em São Paulo, e freqüenta o ateliê livre dessa instituição. Torna-se membro do conselho consultivo da revista Guia das Artes. Na década de 1980, realiza telas abstratas e quadros de pequenas dimensões, e, no fim dos anos 1990, executa em madeira a série Ripas. Em 2002, é publicado o livro Sérgio Sister, com textos de Alberto Tassinari, Lorenzo Mammì, Rodrigo Naves e do próprio artista, pela Editora Casa da Imagem, de Curitiba. Atua ainda como jornalista e ilustrador, entre outros, do livro O Senhor do Bom Nome, de Ilan Brenman, publicado em 2004.
SÉRGIO Sister. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa3733/sergio-sister>. Acesso em: 26 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
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Sergio Barcellos Telles (Rio de Janeiro RJ 1936). Desenhista, pintor e ilustrador. Em meados de 1954 estuda na Colméia, no Rio de Janeiro. Realiza sua primeira exposição individual em 1955, no Rio de Janeiro. Em 1957, viaja pela Europa e visita os principais museus da Itália, França, Holanda e Portugal. Nessa mesma época, faz estágio nos serviços de restauração da Pinacoteca do Vaticano. De volta ao Brasil, freqüenta os ateliês de Rodolfo Chambelland, Oswaldo Teixeira e de Marie Nivoulies de Pierrefort, no Rio de Janeiro. Em 1964, ingressa na carreira diplomática. Na década de 70, viaja para Porto Seguro, Bahia, por sugestão do escritor Jorge Amado, e realiza desenhos e óleos, publicados em livro, com a colaboração de Jorge Amado e Jeanine Warnwood. É autor de Nivouliès de Pierrefort, editado em Buenos Aires pelo Museu de Arte Moderna, 1974; e ilustrador de Rio de Janeiro, lançado no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, em 1978.
SERGIO Telles. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa682/sergio-telles>. Acesso em: 08 de Fev. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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Siegbert Franklin (Fortaleza, 1957) é artista plástico e ilustrador nascido em Fortaleza que passa a atuar profissionalmente em 1975 no Salão do Crato - CE e logo depois em 1978 com uma grande individual na galeria Antonio Bandeira - Feira de Ilusões.
Cria um enorme interesse sobre seu trabalho entre críticos do Sudeste como Frederico de Moraes e Walmir Ayala já que se tratava de uma obra com fortes tendências conceituais, quando arte conceitual ainda não era uma moda vigente entre os jovens artistas do nordeste. Sob supervisão de Bené Fonteles Siegbert Franklin passa a mostrar desenhos e colagem com forte influência nos quadrinhos e na vertente da arte alemã do realismo critico.
Depois de ganhar importantes prêmios em salões nacionais ( Salão Pernambucano de Arte, Salão do Paraná, Mostra do Desenho Brasileiro em Curitiba, Salão Nacional do Ceará e Salão de Abril em duas edições, Unifor Plastica entre outras) é convidado pelo Professor Bardi, na época curador e diretor do MASP em São Paulo, a fazer uma mostra individual de seus desenhos naquele prestigioso museu.
Muda-se para São Paulo onde passa a trabalhar com várias galerias da cidade e a participar de mostras por todo o território nacional. Atualmente tem atividades constantes na Alemanha e França onde mantem trabalhos em galerias institucionais e particulares.
Desenvolve trabalhos em vídeo e instalações alem de continuar ativo com seu trabalho sobre suportes convencionais como a pintura a gravura-litografia e o desenho. Também tem atuado como curador e ministrado oficinas, palestras e workshops no Brasil e na Europa. Reside em Fortaleza desde 2006.
Fonte: https://www.guiadasartes.com.br/siegbert-franklin/biografia
Nasce em São Paulo, filho de Annelise e Franz Oppenheim, imigrantes alemães judeus, que chegaram em São Paulo em 1934.
Estuda na São Paulo Graded School, onde foi alfabetizado em inglês e iniciou os estudos musicais com professores particulares. Com os pais mora na Vila Mariana, em um ambiente cultural de origem européia.
1951-1959- Estuda no Colégio Dante Alighieri. Incentivado e orientado pela professora da disciplina de desenho Germana de Angelis, é encaminhado para o ateliê do pintor Vicente Mecozzi, no Bairro da Aclimação, onde aprende e usa as primeiras técnicas de desenho e pintura. Produz, durante os anos do colégio, obras precoces, inclusive um grande painel para o jardim da infância do colégio. É homenageado com bolsas de estudos, graças a prêmios conferidos aos alunos talentosos.
1959 - Muda-se com a família, para um apartamento no Jardim Paulista. Ingressa na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), na época situada na Rua Maranhão, em Higienópolis. O ambiente cultural da faculdade provoca substancial amadurecimento criativo e, incentivado por uma série de mestres e colegas, Flávio Motta, Renina Katz e Julio Katinsky, desenvolve novas técnicas de desenho e pintura.
1961 - Ano dedicado ao aprendizado de xilogravura, quando passa a freqüentar o ateliê do artista Savério Castellano. Freqüenta os cursos de desenho e gravura em metal da Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), ministrados por artistas plásticos reconhecidos. Faz sua primeira exposição de desenhos no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-SP) e recebe elogios de Lourival Gomes Machado, então diretor da FAU-SP. Organiza, no ambiente da faculdade, um ateliê de pintura e, simultaneamente, realiza trabalhos gráficos, ilustrações e cenografias.
1963 - Viaja pela primeira vez para a Europa
1965 - Forma-se arquiteto Início de estágio em escritório de arquitetura Croce-Aflalo e Gasperini. Logo em seguida é indicado para trabalhar com o arquiteto Jacob M. Ruchti, que o influencia muito e lhe propões novas diretrizes artísticas. Graças a seu apoio, são desenvolvidos trabalhos como painéis, pinturas e colagens, que complementam ambientes projetados para diversas instituições e residências.
1968 – 1969 - Obtém uma bolsa de estudos do governo alemão (DAAD) para a Technisce Universitat (TU), em Berlim Ocidental. São efetuados contatos com os arquitetos e artistas plásticos alemães, contribuindo para o amadurecimento profissional e artístico.
1970 - Retorna ao Brasil e inicia suas atividades profissionais. Abre escritório próprio de arquitetura e ateliê em São Paulo. Associa-se ao arquiteto e marchand César Luiz Pires de Mello, desenvolvendo trabalhos em conjunto. Participa das atividades da Galeria Cosme Velho e, com apoio de César Luiz, integra o acervo da galeria, participando de exposições.
1975-1979 - Assume como professor, na cadeira de arquitetura de interiores, na Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie.
1979 - Inicia seu trabalho como gravador, produzindo serigrafias e litografias.
1970-1988 - Expõe regularmente suas obras em diversas galerias, individualmente e em mostras coletivas, em São Paulo, outros estados do Brasil e no exterior. Desenvolve trabalhos de arquitetura, com projetos de residências, escritórios e lojas. Constrói residência própria no Guarujá /SP.
1988-2002 - Muda-se para rua Bastos Pereira, onde mantém seu novo escritório e ateliê, e produz intensamente como arquiteto e como artista plástico.
2004 - É editado e lançado um livro sobre sua arte pelo Banco Santos.
guiadasartes.com.br/silvio-oppenheim
Sonia Ebling de Kermoal (Taquara RS 1918 - Rio de Janeiro RJ 2006). Escultora, pintora e professora. Inicia sua formação fazendo cursos de pintura e escultura na Escola de Belas Artes do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro, entre 1944 e 1951. Em 1955, recebe o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro. De 1956 a 1959, viaja por vários países da Europa, estudando com Zadkine, em Paris, França. Reside nessa cidade, entre 1959 e 1968, e recebe uma bolsa de estudo da Fundação Calouste Gulbenkian. De volta ao Brasil, executa relevo para o Palácio dos Arcos, do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília, Distrito Federal. Em 1970, ministra um curso de extensão técnica, diretamente em cimento, na Escola de Belas Artes da UFRGS. Seis anos depois, é convidada para lecionar escultura nessa mesma universidade.
SONIA Ebling. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa8531/sonia-ebling>. Acesso em: 29 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
No momento, não possuímos obras deste artista. Caso você possua e tenha vontade de vender, entre em contato conosco, teremos o maior prazer em comercializa-la!
Sônia Gomes (Caetanópolis, Minas Gerais, 1948). Artista visual. Suas obras são impregnadas de visualidade pictórica, ao mesmo tempo que se inscrevem no espaço tridimensional. Transitam entre texturas sutis de fios de tecido e estruturas robustas. Os trabalhos evocam a memória e a ação do tempo sobre as coisas e revelam outros paradigmas estéticos, com fontes no trabalho manual, na cultura afro-brasileira e nas práticas visuais populares.
Nascida em uma cidade que abriga importante produção têxtil, aprende cedo os princípios da costura com a avó materna. Após a morte da mãe, vive com parentes paternos e, com eles, entra em contato com a produção de bordados e rendas, que fazem parte de suas brincadeiras. Inicia as investigações visuais personalizando roupas, bijuterias e bolsas que destinava à comercialização. Com transformações cada vez maiores, essas peças ultrapassam os limites da funcionalidade. Ao viajar para os Estados Unidos, percebe a conexão desses trabalhos com a arte contemporânea e lá permanece por alguns meses para aprofundar seus estudos.
Após formar-se em Direito, dedicando-se paralelamente à produção artística, cursa disciplinas livres de arte na Escola Guignard, da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG). Em 1994, expõe estruturas abstratas, livros-objeto, colagens, reunidos em torno de questões pictóricas. Dez anos depois, realiza exposição individual de maior projeção, Objetos, em Belo Horizonte. A partir daí começa a receber doações de roupas e tecidos sem uso, que não haviam sido descartados por questões afetivas. Esse fato torna a ressignificação do que está perdido aspecto relevante em seu trabalho.
Distantes dos gêneros escultóricos tradicionais, suas primeiras obras não se apoiam num sistema representativo, nem na exploração de relações puramente formais. Caracterizam-se pelos atos que as constróem – amarrações, torções etc. – e pelas funções que evocam formas como abrigo de outras formas: ninhos, casulos, mantos, trouxas. Em Memória (2004), uma série de construções e emendas de texturas criam padrões visuais variados. A obra se apresenta como superfície que pende no espaço, tal como um manto claro parcialmente coberto pelo grafismo das linhas. O caráter solene lembra mantos tribais, ou ainda a obra de Arthur Bispo do Rosário (1911-1989). Mas diferente dela, o tecido transformado por Gomes guarda apenas uma memória de sua antiga função de vestimenta, libertada para uma existência plástica mais livre. Se Bispo faz da costura metáfora do caminho de ascensão à vida espiritual, Gomes recupera aquilo que já se foi da vida, numa ressignificação dos vestígios. A sobreposição de costuras e linhas presas a arremates aludem à ação de coletar, reter, consertar o equilíbrio rompido da peça para que ela habite um novo tempo e lugar. Evoca-se a ausência daqueles que passaram por essas roupas e mostra-se a possibilidade de outra existência, a despeito de terem perdido a animação dos corpos que originalmente as habitavam.
Diferente do uso que os artistas neoconcretos fizeram do tecido, o interesse de Gomes não parece residir na forma e na cor em si, mas no processo de construção, no uso, desgaste e na sobrevida dessas “peles”. Nas palavras do crítico Alexandre Bispo: “a artista explora o tempo buscando a espessura histórica que fica nas coisas, que as afeta enquanto materiais que mantiveram relações emocionais com os corpos”1.
O reconhecimento no circuito brasileiro ocorre depois de a artista participar de mostras no exterior. Em 2013, expõe na mostra Art Basel, na Suíça, e sua obra Memória é publicada no suplemento cultural do Financial Times2. É convidada pelo curador nigeriano Okwui Enwezor para ser a única representante do Brasil na mostra especial da Bienal de Veneza de 2015. O interesse internacional pela obra de Gomes parece ver, na amplitude das questões que aborda, em linguagem abstrata, diálogos com uma emergente produção contemporânea que se afasta do pensamento hegemônico sobre arte, chamando a atenção para outras representatividades.
O caminho percorrido por Sônia Gomes entre a artesania e a arte torna-se claro na obra Mãos de Ouro (2008). Trata-se de um livro-objeto que faz referência a um manual homônimo dirigido às mulheres, publicado semanalmente nos anos 1960/70, composto por lições de bordado, pinturas, crochê etc. Sobre folhas de papel encadernadas, Gomes acumula desenhos, costuras, recortes de revista, amarrações, tecidos, rendas e artigos de armarinhos reunidos em um par de luvas transparentes. O desvio daquilo que é prescrito pelo manual leva-a a formas mais livres de investigação poética.
Partindo da não aceitação da norma, seu trabalho assume o risco de trilhar outros caminhos e assim ocupar o espaço público. A exploração tridimensional intensifica-se em sua produção com o aproveitamento da maleabilidade do tecido para a construção de estruturas cada vez mais complexas, que adquirem estabilidade por meio da junção de arames encobertos.
Na obra de Gomes, a materialidade da linha oferece a um só tempo cor, textura e um potencial construtivo orgânico, que nasce ponto a ponto, nó a nó. Transforma o frágil bordado em escultura pelo gesto de torcer, abrir e fechar-se rumo ao tridimensional. Formas maleáveis inspiradas no trabalho tradicionalmente feminino e popular de ornamentação da vida doméstica tornam-se esculturas que revelam o avesso das coisas, numa organicidade visceral.
SÔNIA Gomes. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa330138/sonia-gomes>. Acesso em: 26 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
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SOU KIT GOM São Paulo - SP - Brasil 1º de Junho de 1973. Sua obra caracteriza-se pelo equilíbrio e harmonia de suas pinceladas soltas e expressivas. Seus temas, em geral objetos, flores e paisagismo, são sustentados por uma forte e intensa luminosidade, com o objetivo de valorizar a aproximação de tons e contrastes.
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