ARTISTAS

Tarsila do Amaral

BIOGRAFIA

Tarsila do Amaral (Capivari, São Paulo, 1886 – São Paulo, São Paulo, 1973). Pintora e desenhista. Influenciada por vanguardas europeias, especialmente pelo cubismo, cria um estilo próprio, explorando formas, temáticas e cores na busca por uma pintura de caráter tipicamente brasileiro.

Passa a infância nas fazendas da família no interior de São Paulo e em 1902 vai à Espanha para completar os estudos no colégio Sacré Couer de Barcelona, onde se inicia nas artes. Em 1913, volta a São Paulo. Em 1916, trabalha no ateliê do escultor sueco William Zadig (1884-1952), com quem aprende a modelar. Em 1917, estuda desenho e pintura com o pintor Pedro Alexandrino (1856-1942), e conhece a pintora Anita Malfatti (1889-1964). Anos depois, faz aulas de pintura com o pintor alemão Georg Elpons (1865-1939), que lhe apresenta técnicas diferentes das acadêmicas.

Em 1920, Tarsila vai a Paris para entrar em contato com a produção europeia e se aperfeiçoar. Ingressa na Académie Julian, e também tem aulas com a pintora francesa Emile Renard (1850-1930). Tem os primeiros contatos com a arte moderna e a produção dos dadaístas e futuristas.

Em junho de 1922, depois da Semana de Arte Moderna, volta ao Brasil para “descobrir o modernismo” no país. Conhece os escritores Mário de Andrade (1893-1945), Oswald de Andrade (1890-1954) e Menotti del Picchia (1892-1988), e com eles e Anita Malfatti funda o Grupo dos Cinco. Tarsila pinta com cores mais ousadas e pinceladas mais marcadas. Faz retratos de Mário de Andrade e Oswald de Andrade com cores expressionistas e gestualidade marcada.

Em 1923 volta a Paris e retoma as aulas, mas se distancia da educação convencional, acadêmica, para estudar as técnicas modernas. Entra em contato com grandes nomes do modernismo parisiense e essa convivência a influencia profundamente. Tem aulas, entre outros, com o pintor francês Albert Gleizes (1881-1953), autor do primeiro grande tratado sobre o cubismo, De Cubisme (1912). 

Faz uma pintura de inspiração cubista, porém, interessa-se cada vez mais pela figuração tipicamente brasileira, como se observa em A Negra (1923) e A Caipirinha (1923). Ambos representam um ponto importante da obra de Tarsila: o caráter popular, que se apresenta tanto nas figuras e paisagens que protagonizam os quadros da artista (negros, índios, fazenda, favela, plantas e animais) quanto na paleta de cores explorada por ela, consideradas cores “feias” ou de mau gosto (“azul puríssimo, rosa violáceo, amarelo vivo, verde cantante”, como chama a própria Tarsila). 

A abordagem geométrica da iconografia brasileira origina a pintura Pau-Brasil (1924). O crítico de arte Sérgio Milliet (1898-1966) descreve os trabalhos dessa época como “a captação sintética de uma realidade brasileira sentimental e ingênua, de que haviam se envergonhado antes os artistas do nosso país”.

Em 1928, Tarsila presenteia Oswald de Andrade com seu mais famoso quadro, Abaporu. A pintura estimula o escritor a fundar o movimento antropofágico, cuja ideia central é “deglutir” a cultura europeia da época para produzir uma cultura brasileira. Abaporu sintetiza essa ideia. Faz também uma crítica social ao representar o brasileiro comum (de rosto indefinido), que tem a cabeça pequena, mas braços e pernas grandes, pois tem sua força braçal explorada, mas não sua habilidade intelectual. Abaporu torna-se a pintura brasileira mais valiosa no mundo.

Nas obras desse mesmo período, a geometria é abrandada. As formas crescem, tornam-se orgânicas e adquirem características fantásticas, oníricas. Telas como O OvoO Sono e A Lua, todas de 1928, compostas de figuras selvagens e misteriosas, aproximam Tarsila do surrealismo.

A partir de 1933, seu trabalho passa a ter uma aparência mais realista. Influenciada pela mobilização socialista, pinta, no mesmo ano, quadros como Operários e 2ª Classe, que apresentam uma preocupação com as mazelas sociais.

A partir de 1936, seus quadros ganham um modelado geométrico. As cores perdem a homogeneidade e tornam-se mais porosas e misturadas. 
Na segunda metade dos anos 1940, as inquietações do período pau-brasil e da antropofagia são reformuladas, os temas rurais voltam de maneira simples. Em telas como 
Praia (1947) e Primavera (1946), as figuras agigantadas evocam o período antropofágico, mas aparecem agora sob forma mais tradicional, com passagens tonais de cor e modelado mais clássico, características da fase neo pau-brasil.

Em 1950, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) faz a primeira retrospectiva de seu trabalho. A exposição dá mais prestígio à artista, e as pinturas da fase neo pau-brasil são mostradas pela primeira vez.

O retorno a temas nacionais anima Tarsila a pintar dois murais de forte sentido patriótico: Procissão do Santíssimo (1954), encomendado para as comemorações do IV Centenário da Cidade de São Paulo, e O Batizado de Macunaíma (1956), para a Editora Martins.

Em 2019, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) realiza a maior exposição já dedicada à artista: Tarsila Popular. Reunindo 92 obras da pintora, a mostra se propõe a apresentar Tarsila sob outras óticas, ressaltando o que caracteriza sua pintura como tipicamente brasileira. Tarsila Popular supera o recorde de visitação do Masp: 400 mil pessoas em três meses de exposição.

Tarsila do Amaral figura como um grande nome da pintura no cenário internacional, representando uma arte genuinamente brasileira ao contemplar elementos, temáticas e narrativas populares que constituem a identidade nacional forjada inicialmente pelo movimento modernista. 

REFERÊNCIAS

TARSILA do Amaral. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa824/tarsila-do-amaral>. Acesso em: 21 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

 

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BIOGRAFIA

Teresinha Soares (Araxá, Minas Gerais, 1927). Artista visual, poeta e cronista. Seu trabalho explora temas como sexualidade, direito das mulheres e questões ambientais. Utiliza o corpo em suas performances e participa de importantes exposições entre as décadas de 1960 e 1970. 

Em Araxá, Teresinha Soares atua em diversas funções chegando a ser eleita vereadora. Sua carreira como artista começa aos 40 anos, depois de participar de uma série de cursos livres no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) e formar um repertório visual ao visitar as principais instituições de arte do mundo em viagens internacionais. 

No ano de 1967, realiza sua primeira exposição individual na Galeria Guignard, em Belo Horizonte. Exibe uma série de trabalhos com um estilo ainda não bem definido, mas que demonstra com vigor um dos principais assuntos de sua obra, o erotismo. Nessa mostra apresenta Caixa de Fazer Amor, objeto com um coração dentro e duas cabeças na parte superior. O espectador, ao rodar uma manivela na lateral, escuta o barulho de um gemido. O curador Rodrigo Moura (1975) destaca a originalidade do trabalho pelo fato de a artista trazer o teor sexual e tornar o espectador cúmplice do ato. A boa receptividade da mostra e o convite para participar da 9ª Bienal Internacional de São Paulo fazem com que a artista se dedique ainda mais ao trabalho artístico.  

Explorando uma estética pop, com cores puras e fortes, em 1968, Teresinha realiza exposições em diversas cidades, como Brasília, São Paulo e Ouro Preto. Um dos trabalhos exibidos é a série Desenhos Espaciais, em que funde o corpo com a máquina, desenhando fios e mangueiras que ligam órgãos, misturados com ampolas, engrenagens e frascos. 

A experiência com o teatro, em 1969, com a adaptação de seu livro infantil Luno e Lunika no País do Futuro, em que produz os figurinos e o cenário, influencia radicalmente seu trabalho. A performance começa a fazer parte de algumas obras e passa a explorar mais o espaço expositivo, ocupando também o chão, como é o caso de Ela Me Deu Bola (Camas), de 1970, em que cria três camas, com recortes móveis de silhuetas femininas, que contêm, em seu verso, pinturas de três famosos jogadores da época: Pelé (1940), Tostão (1947) e Yustrich (1917-1990). De acordo com a curadora Cecilia Fajardo-Hill (1963), por meio do jogo de palavras, Teresinha trabalha com temas como sexo e futebol. Ao utilizar uma cama (o que para a artista é o lugar do prazer, do sexo e do descanso), toca diretamente na questão do corpo e ainda incita a participação do espectador. 

Publica o álbum Eurótica (1970), em que desenha, em papel colorido, utilizando apenas linhas quase contínuas, fragmentos de corpos como seios e falos, insinuando atos sexuais. Em diversos trabalhos a artista explora o corpo feminino, o que também retrata uma decoberta do próprio corpo: “Reinventei-me na descoberta de meu próprio corpo como uma nova mulher e, em todos os meus trabalhos de arte, nos desenhos, gravuras, performances, o leitmotiv é o corpo. Meus trabalhos, considerados de vanguarda para aquela época, nos anos 1960/70, continuam atuais porque focam todas essas problemáticas que ainda vivenciamos no nosso dia a dia: os tabus do sexo, o relacionamento homem-mulher, os encontros e desencontros, a mulher na sociedade exigindo respeito, lutando pelos seus direitos e liberdade"1.

No dia abertura 4º Salão de Artes Nacional de Belo Horizonte (1972), a artista aparece vestida de anjo, para performar em A trilogia dos Túmulos (Módulo I, Vida) (Módulo II, Morte) e (Módulo III, Ressurreição), que parte de um objeto escultórico em forma de túmulo, do qual saem duas cruzes com torneiras que despejam chope. As gavetas, embaixo dos túmulos, podem ser abertas pelo público e guardam queijo, linguiça e dentadura. Conforme Marília Andrés Ribeiro, o trabalho remete a um imaginário surrealista, explorando o dualismo entre vida e morte, sagrado e profano, sonho e realidade. Uma capacidade singular de sua poética em trabalhar questões humanas fundamentais. 

Em seus dois últimos trabalhos, O Circo e a Montanha (1973) e O Altar do Sacrifício (1976), a artista discute questões ambientais. No primeiro, arma a lona de um circo, criando o desenho de uma montanha que dialoga com o relevo de Minas Gerais, que está em constante transformação com a exploração de minério e o crescimento urbano desordenado. No último, a artista cria um altar onde se pode ler: VER, VERDE, VERDADE; e, em vez de trazer na vitrine uma tradicional imagem sacra, coloca um tronco de madeira, que lembra as esculturas de Cristo morto. Para o crítico Frederico Morais (1936), essa é uma obra profética e premonitória de tragédias ambientais que acontecem décadas mais tarde, como os rompimentos das barragens de Mariana (2015) e Brumadinho (2019), em Minas Gerais. Após essa mostra, a artista passa a se dedicar à escrita, produzindo crônicas para jornais até os anos 1980. 

Apesar da trajetória profissional curta, de cerca de uma década, a obra de Teresinha Soares tem grande impacto na cena artística mineira e nacional. Dentro de uma estética pop em pinturas e gravuras, suas figuras saem do plano para ganhar volume em objetos e instalações. 

 

Nota:

1. RIBEIRO, Marília Andrés, ‘Fiz do meu corpo a minha própria arte’. Revista UFMG, Belo Horizonte, v. 19, n. 1-2, p. 130-139, jan./dez. 2012. Disponível em: https://www.ufmg.br/revistaufmg/pdf/REVISTA_19_web_130-139.pdf. 

REFERÊNCIAS

TERESINHA Soares. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa24188/teresinha-soares>. Acesso em: 05 de Abr. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

Thiago Toes

BIOGRAFIA

Thiago Toes nasceu em 1986 em Curitiba/PR.
Podemos afirmar que a produção de Thiago Toes é híbrida entre diferentes manifestações, entre elas a pintura, escultura e o site specific, orientando o espectador para um espaço sensorial que nos faz refletir sobre nossa presença e passagem pelo universo. Segundo a jornalista Mariana Melleu, “seu trabalho nos leva às sensações mais necessárias, ao mesmo tempo em que se propõe a observar e repensar nosso lugar no espaço.”

Em suas produções mais recentes, investiga a partir de seus olhos poéticos, as estrelas e constelações, as dimensões alternativas, os fenômenos físicos e ópticos, empregando elementos alheios a essa terreno – balaclavas, máscaras e bonés – Elementos esses ligados à sua história com o grafitti. Ao passo que constrói sua obra, origens e nascimentos muito lhe interessam, fazendo-o crescer como artista nesse tempo espaço. Esse tempo nos mostra a multiplicidade de sentidos, cores e espectros desse mundo criado por Toes.   
O artista já expôs seu trabalho em diversos espaços importantes, como o Memorial da América, SESC Belenzinho, Funarte, Casa do Olhar Luiz Sacilotto, e Paço das Artes; além de espaços no exterior, como o Kunstmuseum Kultuverein – Museu de Arte de Wittingen na Alemanha, galeria IK-Projects em Lima, e participação no festival Vulica Brasil, com um mural no prédio do Banco Nacional de Minsk, na Bielorússia. Também já participou da residência artística na 13ª Semana Internacional de Arte de Lüben – Alemanha, e na Kaysaá - Residência Artística ­no litoral norte de São Paulo. Foi premiado com menção honrosa pelo Salão de Artes de Vinhedo, e pela revista DasArtes com prêmio GARIMPO. 

REFERÊNCIAS

Texto e Imagem obtidas no site do artista

Foto: Ise - https://www.instagram.com/ise.vlok/

Texto: https://www.thiagotoes.com/bio

Tikashi Fukushima

BIOGRAFIA

Tikashi Fukushima (Fukushima Japão 1920 - São Paulo SP 2001). Pintor, gravador. Vem ao Brasil em 1940 e reside, inicialmente, nas cidades de Pompéia e Lins, no interior de São Paulo. Em 1946, transfere-se para o Rio de Janeiro para trabalhar como assistente do pintor Tadashi Kaminagai (1899 - 1982), de quem torna-se aluno. Entre 1947 e 1948, freqüenta aulas, como ouvinte, na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. Em 1949, muda-se para São Paulo e monta uma oficina de molduras no Largo Guanabara, no bairro do Paraíso, que passa a ser ponto de encontro dos artistas de tendências afins e que formam, em 1950, o Grupo Guanabara. Nesse período, integra o Grupo Seibi. Entre 1977 e 1990, é presidente da Comissão de Artes Plásticas da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa. Em 1979, é membro da Comissão de Artes da Fundação Brasil-Japão de Artes Plásticas. Em 2001, a Pinacoteca do Estado de São Paulo - Pesp, exibe uma mostra retrospectiva de sua obra.

REFERÊNCIAS

Referência: Itaú Cultural

BIOGRAFIA

José Tito Regis de Alencastro (Rio de Janeiro RJ 1934 - São Paulo SP 1999). Pintor, desenhista, gravador, mosaicista e cenógrafo. Ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (Enba) no Rio de Janeiro, em 1956, onde estuda desenho com Zaluar (1924-1987) e composição com Quirino Campofiorito (1902-1993) e Santa Rosa (1909-1956). Paralelamente, estuda técnicas de mosaico com José Miraes e gravura em metal com Johnny Friedlaender (1912-1992) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Forma-se em Museologia pelo Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), onde estuda com Gustavo Barroso. Atua em numerosos concertos de câmara e óperas no Rio de Janeiro como ator e cantor. Fixa residência em São Paulo em 1961, onde coordena o antiquário Chico Rei. Faz sua primeira exposição individual na Galeria Seta, São Paulo, em 1966. Como cenógrafo, trabalha no filme Roleta Russa e nas peças O Grande SonhadorVocê Pode Ser O Que QuiserMacho Beleza e Monólogo a Dois, as três de sua autoria. Em 1979, executa os painéis Os Imigrantes e O Trabalho e o Lazer.

REFERÊNCIAS

TITO de Alencastro. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa366/tito-de-alencastro>. Acesso em: 04 de Mar. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

 

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Tomie Ohtake

BIOGRAFIA

Tomie Ohtake (Kyoto, Japão, 1913 - São Paulo, Brasil, 2015). Pintora, gravadora, escultora. Vem para o Brasil em 1936, fixando-se em São Paulo. Em 1952, inicia-se em pintura com o artista Keisuke Sugano. No ano seguinte, integra o Grupo Seibi, do qual participam Manabu Mabe (1924-1997), Tikashi Fukushima (1920-2001), Flavio-Shiró (1928) e Tadashi Kaminagai (1899-1982), entre outros. Após um breve período de arte figurativa, a artista define-se pelo abstracionismo. A partir dos anos 1970, trabalha com serigrafia, litogravura e gravura em metal. Surgem em suas obras as formas orgânicas e a sugestão de paisagens. Na década de 1980, passa a utilizar uma gama cromática mais intensa e contrastante. Dedica-se também à escultura, e realiza algumas delas para espaços públicos. Recebe, em Brasília, o Prêmio Nacional de Artes Plásticas do Ministério da Cultura - Minc, em 1995. Em 2000, é criado o Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo.

Comentário Crítico


Após breve passagem pela pintura figurativa, Tomie Ohtake define-se pelo abstracionismo. No início da década de 1960, emprega uma gama cromática reduzida, com predominância de duas ou três cores. Leva o olhar do espectador a percorrer superfícies em telas que muitas vezes lembram nebulosas. Utiliza, em algumas obras, pinceladas "rarefeitas" e tintas muito diluídas, explorando as transparências. Posteriormente, surgem em seus quadros formas coloridas, grandes retângulos, que parecem flutuar no espaço. Ao longo da década de 1960 emprega mais freqüentemente tons contrastantes. Revela afinidade com a obra do pintor Mark Rothko (1903-1970), na pulsação obtida em suas telas pelo uso da cor e nos refinados jogos de equilíbrio. A artista explora a expressividade da matéria pictórica, mais densa, em texturas rugosas, ou mais diluída e transparente.

Em gravura, começa trabalhando com serigrafia e litogravura, a partir dos anos 1970. Para a maioria dos críticos, esse aprendizado revitaliza sua obra pictórica. Surgem em suas telas a linha curva e as formas orgânicas. Embora de caráter abstrato, ocorre em alguns quadros a sugestão de paisagens: montanhas ou curvas de rios. Intensifica o dinamismo e a sugestão de movimento. Em obras realizadas a partir da década de 1980, emprega uma escala de cores mais quentes e contrastes cromáticos mais intensos.

Dedica-se também à escultura, e realiza, por exemplo, a Estrela do Mar (1985), colocada na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Propõe intervenções em espaços urbanos, produzindo esculturas de grandes dimensões, como as "ondas" em homenagem aos oitenta anos da imigração japonesa, instaladas na avenida 23 de Maio, em São Paulo. Em esculturas mais recentes, trabalha com tubos delgados, que estabelecem sinuosos percursos no espaço.

A artista enfatiza, em entrevistas, a importância da arte oriental, em especial a japonesa, em sua pintura, afirmando que "essa influência se verifica na procura da síntese: poucos elementos devem dizer muita coisa".1 Da tradição japonesa, Ohtake diz inspirar-se na noção de tempo do ukiyo-e (imagens do mundo que passa), arte que revela cenas de uma beleza fugaz. Pesquisa constantemente as possibilidades expressivas da pintura: as transparências, as texturas e a vibração da luz. Declara fazer uma pintura silenciosa, como a cidade em que nasceu. Em suas obras, revela um intenso diálogo entre a tradição e a contemporaneidade.

Notas
1 Citado em Ohtake, Tomie; ARRUDA, Vitoria (Coord.). Exposição retrospectiva Tomie Ohtake. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 2000, p. 65.

 

 

REFERÊNCIAS

Referência: Itaú Cultural

BIOGRAFIA

Torquato Bassi (Ferrara, Itália 1880 - São Paulo SP 1967) Pintor, escultor e decorador. Sua família muda-se para o Brasil em 1893. Estuda pintura no Liceu de Artes e Ofícios, na cidade de São Paulo, com o pintor ítalo-brasileiro Aladino Divani (1878-1928). Realiza sua primeira individual em 1907, na Casa Bevilacqua, em São Paulo. No ano seguinte, é premiado com a medalha de ouro na Exposição Geral de Belas Arte (AGBA), no Rio de Janeiro. Organiza a 1ª Exposição Brasileira de Belas-Artes, no Liceu de Artes e Ofícios em 1911, expondo 14 paisagens. Em 1913, muda-se para França, onde estuda na Académie Julian com o pintor francês Jean-Paul Laurens (1838-1921) e frequenta o ateliê de Henri-Joseph Harpignies (1819 - 1916). Sustenta-se pintando cenários. Um ano e meio depois, retorna ao Brasil, viaja pelo Sul e Nordeste do país expondo seus trabalhos e continua suas atividades como incentivador cultural. Cria o Grupo Almeida Junior com o objetivo de dinamizar e unir o meio artístico e promove duas exposições: a primeira no Teatro Municipal, em 1928, e a segunda no Palácio das Arcadas, em 1929, ambas em São Paulo. É um dos fundadores da Associação Paulista de Belas-Artes, em 1942, e do Prêmio Alvares Penteado, em 1960. Nas décadas de 1930 e 1940 expõe várias vezes no Sindicato de Artistas Plásticos, apesar de este congregar preferencialmente os artistas da ala moderna. Em 1956, recebe a medalha de honra oferecida pelos artistas da Associação Paulista de Belas-Artes, e, em 1961, é agraciado com o título de Cidadão Paulistano.

REFERÊNCIAS

TORQUATO Bassi. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2021. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa9687/torquato-bassi>. Acesso em: 19 de Jan. 2021. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7

Tuneu

BIOGRAFIA

Pintor e desenhista, Tuneu (Antonio Carlos Rodrigues, São Paulo, 1948), entre 1960 e 1966, estuda com Tarsila do Amaral e recebe influência de Wesley Duke Lee. Em 1966, realiza a primeira mostra individual no João Sebastião Bar, em São Paulo. Entre as exposições de que participa, destacam-se: Salão de Arte Contemporânea de Campinas, várias edições entre 1966 e 1974 (Prêmio Viagem à Europa, 1970 e Prêmio Aquisição, 1974); XVI e XVII Salão Paulista de Arte Moderna, São Paulo, 1967/1968; Bienal Internacional de São Paulo, várias edições entre 1967 e 1975 (Prêmio Aquisição Itamarati , 1971 e 1975); Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM/SP, São Paulo, várias edições entre 1971 e 1989; III e VI Salão Paulista de Arte Contemporânea, no Masp, São Paulo, 1971/1975; Arte na Rua 2, São Paulo, 1984; OFF Bienal, no MuBE, São Paulo, 1996.

REFERÊNCIAS

Referência:www.guiadasartes.com.br/tuneu-antonio-carlos-rodrigues

 

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